sexta-feira, 18 de junho de 2010

Brasil na África do Sul.

Em tempos de copa do mundo os olhares estão voltados para áfrica do sul...
O que tem a ver copa do mundo com carros brasileiros?
Não exportamos pra lá só o técnico de futebol não...
Lá nos temos também um dos ícones da indústria automobilística brasielira: O PUMA.    

O senhor Vic Borcherds ao visitar São Paulo, no início da década de 70 deparou-se com um veículo esportivo que lhe despertou interesse, o Puma. Descobriu que estes veículos eram baseados na mecânica dos VW’s e comprou um Puma dourado para levar pra casa, na África do Sul. Gostou tanto do veículo que negociou com a Puma Veículos e Motores Ltda. a licença para fabricação do mesmo pela sua empresa, Bromer Motors, na África do Sul, devido ao impraticável custo de importação do mesmo. 

O Puma, no Brasil, era construído no chassi do Karmann Ghia, que não era disponível na África do Sul, e a mão neste país era a conhecida “mão-inglesa”: com o motorista do lado direito. Outra diferença tava no sistema de freios que, no Brasil eram à disco enquanto na África usavam à tambor.
A Puma do Brasil foi a realizadora das modificações no design para usar a mecânica do Fusca. O primeiro Puma de mão inglesa foi construído num chassi que foi enviado ao Brasil por Vic. Esse carro, um exemplar azul escuro, foi enviado à África do Sul para testes.
  
As fotos a seguir mostram o primeiro Puma de mão inglesa da África do Sul. Primeiro com uma modelo de nome desconhecido e a segunda com a modelo Mitzi Stander, miss África do Sul em 68.




Em seguida, outros desafios apareceram. Não havia espaço interno o suficiente para a estatura dos sul-africanos, em média bastante altos: uma média de 1,80 m. Um segundo chassi foi enviado e os moldes modificados para dar um pouco mais de espaço ao motorista. Vic então negociou sem sucesso componentes com a VW da África do Sul. No fim das contas, a Bromer Motors comprou Fuscas novos, tirou a carcaça e construiu Pumas.
Rapidamente outros detalhes começaram a aparecer. O governo impunha restrições de importação - apenas 20 carros poderiam ser construídos totalmente com peças importadas - o que forçou a companhia a começar a usar cada vez mais peças locais. Como essas leis eram baseadas no peso das peças, os componentes mais pesados foram substituídos primeiro. Os vidros das janelas foram os primeiros a serem feitos (e para sorte dos sulafricanos, estes moldes continuam a ser usados para janelas novas). As rodas, o volante, lanternas dianteiras, faróis, todas as peças de fibra de vidro, estofamento e obviamente o chassi inteiro e o motor foram produzidos localmente. Todos esses primeiros Pumas foram ajustados com carburação dupla (Kit Solex, 40mm) e um distribuidor centrífugo.

Os carros venderam muito bem e Vic logo virou um "mauricinho", torrando os lucros ao invés de investir. Um total de 357 unidades foram produzidas e vendidas em questão de 21 meses. Um deles foi exportado para a Austrália para teste nesse mercado. Infelizmente, a falta de controle de custos (e gastos!!) levou à queda da empresa que fechou suas portas em 1975.

    O puma australiano e seu dono.

 Embora a produção cessou, a procura de automóveis manteve-se forte. Como resultado, o entusiasta em Pumas Jack Wijker aproximou da Puma do Brasil para o direito de continuar a fabricação e comercialização de automóveis Puma na África do Sul. Esta licença foi concedida em 1986. Uma empresa chamada Puma Marketing foi criada para venda de carros e peças na África do Sul. Inicialmente, a Puma Marketing importava carros completos do Brasil. Devido a direitos de importação exorbitantes a Puma Marketing decidiu fabricar carros localmente. Os moldes foram comprados, e 26 unidades foram montadas em Verwoerdburg entre 1989 e 1991.

    Puma da fase Puma Marketing. 

A fábrica do senhor Vic foi vendida às pressas por um preço barato e o senhor Jack Wiyker comprou as peças e fresas que sobraram. Jack era o gerente da área mecânica de uma das maiores negociadoras da VW na África do Sul e de fato ajudou a construir alguns carros no fim quando a Bromer Motors fechou. Nessa época, a VW já havia parado a produção do Fusca (1978), o que impossibilitou a produção de novos Puma. Seu sonho foi continuar a construir carros e finalmente ele conseguiu o direito de vender, como novos, carros produzidos a partir de chassis usados (que, de certa forma, realmente eram novos, pois seu trabalho era muito minucioso). Outros trabalhos o impediram de construir muitos carros. Em 2007, já aposentado retomou a produção em pequena escala. E os Pumas têm sido fabricados atualmente na África do Sul, desmancha-se Fuscas e num trabalho minucioso saem Pumas novos e dentro dos padrões exigidos pelas leis de trânsito naquele país.   

    Puma em processo de fabricação. Foto da atualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário